Bronquiolite: o que é e por que merece atenção

bronquite

A bronquiolite é uma infecção viral que afeta principalmente os bronquíolos, pequenas vias respiratórias que levam o ar aos pulmões. 

Ela ocorre com maior frequência em bebês e crianças menores de dois anos, especialmente durante os meses frios, quando os vírus respiratórios circulam com mais intensidade.

A doença costuma começar com sintomas de resfriado, como coriza, tosse e febre baixa. Em alguns casos, evolui rapidamente para dificuldade respiratória, chiado e cansaço intenso, podendo levar à necessidade de hospitalização. 

Bebês prematuros e aqueles com condições cardíacas ou pulmonares preexistentes estão entre os mais vulneráveis a complicações.

O vírus sincicial respiratório (VSR) e sua relação com a bronquiolite

O principal causador da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por grande parte das internações de lactentes no inverno. 

Trata-se de um vírus altamente contagioso, que se espalha por gotículas respiratórias e pode sobreviver por horas em superfícies, facilitando a transmissão em creches, transportes coletivos e ambientes fechados.

O VSR não provoca apenas bronquiolite, ele também pode causar pneumonia, otite e, em casos graves, insuficiência respiratória. Por ser tão comum e perigoso em crianças pequenas, há décadas cientistas buscam formas eficazes de preveni-lo.

Sintomas da bronquiolite em bebês

Reconhecer os sinais da bronquiolite é essencial para procurar atendimento médico rápido. 

Os sintomas costumam seguir uma progressão típica:

  • Primeiros dias: coriza, tosse seca, espirros e febre baixa, lembrando um resfriado comum.

  • Evolução: tosse intensa, chiado, respiração rápida e esforço para inspirar, com retração entre as costelas ou movimento exagerado da barriga.

  • Casos graves: dificuldade para mamar ou ingerir alimentos, lábios arroxeados, sonolência extrema e pausas respiratórias.

Diante desses sinais, é fundamental buscar avaliação médica imediata, pois os bebês podem descompensar rapidamente.

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Complicações possíveis da bronquiolite

A maioria dos casos é leve e melhora em casa com medidas de suporte, mas alguns bebês evoluem para quadros graves exigindo internação hospitalar. 

As principais complicações são:

  • Insuficiência respiratória: quando o bebê não consegue manter oxigenação adequada sozinho.

  • Pneumonia viral ou bacteriana secundária: infecção pulmonar que agrava o quadro.

  • Desidratação: causada por dificuldade para mamar ou ingerir líquidos.

  • Sequelas pulmonares: em casos recorrentes, pode haver maior risco de chiado crônico e asma futura.

Esses riscos justificam os esforços globais para prevenir a infecção por VSR, incluindo a recente introdução de uma vacina voltada às gestantes.

Vacinação materna: um avanço histórico na prevenção do VSR

A partir de novembro de 2025, o Ministério da Saúde começará a oferecer no Sistema Único de Saúde (SUS) uma vacina contra o vírus sincicial respiratório para gestantes.

Trata-se de um marco importante, já que até então a prevenção se limitava a cuidados gerais e ao uso restrito de anticorpos monoclonais em bebês de alto risco.

A vacina é aplicada em dose única a partir da 28ª semana de gestação

O objetivo é que a mãe produza anticorpos protetores que atravessam a placenta e conferem imunidade passiva ao bebê logo após o nascimento, período em que ele é mais vulnerável. 

Essa estratégia já vem sendo adotada em outros países com resultados positivos.

Como a vacina age para proteger o bebê

Os primeiros meses de vida são críticos porque o sistema imunológico do bebê ainda está em desenvolvimento e responde pouco a vacinas aplicadas diretamente. Ao imunizar a gestante, os anticorpos maternos chegam ao bebê prontos para protegê-lo desde o nascimento.

Estudos clínicos mostram que essa vacinação pode reduzir significativamente hospitalizações por VSR, casos graves de bronquiolite e necessidade de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Além disso, diminui a sobrecarga dos serviços de saúde em épocas de alta circulação viral.

Segurança e eficácia da vacinação durante a gravidez

Os dados de ensaios clínicos indicam que a vacina apresenta perfil de segurança favorável. Os efeitos colaterais mais comuns são leves, como dor no local da aplicação, fadiga e febre baixa. 

Até o momento, não foram identificados riscos significativos para o bebê ou para a gestante quando aplicada no período indicado.

A eficácia demonstrada é alta especialmente nos primeiros meses de vida, quando o risco de complicações pela bronquiolite é maior. 

Essa proteção diminui gradualmente após o sexto mês, mas cobre o período de maior vulnerabilidade.

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Expectativas com a chegada da vacina ao SUS

Com a implementação no Brasil, espera-se:

  • Redução expressiva de internações por bronquiolite e pneumonia viral em lactentes.

  • Proteção ampla para bebês saudáveis, não apenas para grupos de risco.

  • Menor pressão sobre os serviços hospitalares durante o inverno.

  • Diminuição de complicações e mortalidade associadas ao VSR.

A distribuição inicial prevê centenas de milhares de doses para gestantes, com ampliação progressiva. A adesão materna será essencial para que o impacto seja significativo.

Cuidados que permanecem mesmo com a vacina

Apesar do avanço, algumas medidas continuam fundamentais para proteger os bebês:

  • Higienizar as mãos antes de tocar na criança.

  • Evitar contato com pessoas com sintomas respiratórios.

  • Manter ambientes bem ventilados e livres de fumaça.

  • Incentivar a amamentação sempre que possível.

  • Procurar atendimento médico imediato em caso de dificuldade respiratória.

Esses cuidados ainda são importantes para bebês cujas mães não foram vacinadas e para proteger contra outros vírus respiratórios.

Perguntas frequentes

1. A vacina é aplicada no bebê ou na gestante?

Ela é aplicada na gestante, geralmente a partir da 28ª semana de gravidez. Os anticorpos passam para o bebê ainda na barriga, garantindo proteção ao nascer.

2. Quando começa a vacinação pelo SUS?

O Ministério da Saúde anunciou que a distribuição da vacina para gestantes terá início em novembro de 2025.

3. A vacina é segura para grávidas e bebês?

Sim. Estudos demonstraram bom perfil de segurança, com efeitos leves e benefícios claros para a saúde do recém-nascido.

4. A vacinação substitui cuidados de higiene?

Não. Higienizar as mãos, evitar aglomerações e contato com pessoas doentes continua sendo essencial.

5. A vacina protege contra todos os vírus respiratórios?

Não. Ela é específica para o vírus sincicial respiratório, principal causador da bronquiolite, mas não previne influenza ou outros vírus.

6. Bebês que já nasceram podem receber a vacina?

Não. Atualmente, a estratégia é focada na vacinação materna durante a gestação.

7. É necessário mais de uma dose?

Não. A vacinação materna é feita em dose única por gestação.

8. Quando o bebê já nasce protegido?

Sim. A proteção é imediata porque os anticorpos passam para o bebê ainda na gestação.

9. Por que a vacina é aplicada apenas em gestantes?

Nos primeiros meses, o sistema imunológico do bebê é imaturo e responde mal às vacinas. A imunização materna é a forma mais eficaz de protegê-lo.

10. A vacina estará disponível também em clínicas privadas?

Sim. Ela já pode ser encontrada no setor privado, mas a novidade é sua oferta na rede pública a partir de novembro de 2025.

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Fontes consultadas

ROTELI-MARTINS, C. M. et al. Respiratory syncytial virus: impact of the disease and preventive strategies, including maternal immunization. Journal of Global Health Reports, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11460417/.

LARA, L. A.; et al. Maternal RSV vaccination to protect infants in Brazil: health impact and cost-effectiveness for incorporation into the national immunization program. SSRN Electronic Journal, 2024. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=5388593.

SILVA, F. C. Avanços na vacinação contra o vírus sincicial respiratório: perspectivas para o Brasil. Brazilian Journal of Health Review, 2024. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/download/79021/54663/195885.

FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Vírus sincicial respiratório: impacto da doença e estratégias preventivas em gestantes e idosos. São Paulo: FEBRASGO, 2024. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/images/pec/CNE_pdfs/01FPS20240006_Portugues.pdf.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde anuncia início da oferta da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) no SUS em novembro de 2025. Brasília: Ministério da Saúde, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/setembro/ministerio-da-saude-fecha-parceria-para-producao-nacional-da-vacina-contra-o-virus-sincicial-respiratorio-e-sua-oferta-no-sus-em-novembro-deste-ano

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