Sono: diferença entre apneia do sono e insônia – sinais e tratamentos

homem deitado em uma cama

Dormir é essencial para a saúde e o bem-estar, mas milhões de pessoas enfrentam distúrbios que afetam profundamente a qualidade do sono. 

Insônia e apneia obstrutiva do sono (AOS) estão entre os mais comuns e podem comprometer o desempenho físico, mental e emocional. Embora compartilhem algumas consequências, tratam-se de condições distintas, com sintomas e abordagens terapêuticas específicas.

O que é insônia crônica?

A insônia crônica é o distúrbio do sono mais prevalente, marcada por dificuldade persistente para iniciar ou manter o sono, ou sensação de sono não reparador, mesmo com ambiente propício para dormir.

O diagnóstico exige que os sintomas ocorram pelo menos três vezes por semana, por três meses ou mais, com impacto funcional diurno.

Sintomas e diagnóstico

Entre os sintomas diurnos, estão: fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, baixa produtividade, preocupação excessiva com o sono e prejuízo no desempenho social ou profissional. 

O diagnóstico é clínico, com base em autorrelato e histórico médico. 

Ferramentas como o Índice de Gravidade da Insônia (ISI) e o diário do sono auxiliam na avaliação.

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Causas e fatores de risco

A insônia pode ser primária ou consequência de outras condições médicas, psiquiátricas ou ambientais. 

Entre os fatores associados estão:

  • Predisponentes: vulnerabilidades genéticas e traços de personalidade

  • Precipitantes: estressores psicossociais

  • Perpetuantes: comportamentos desadaptativos e ativação fisiológica (hiperarousal)

Mulheres, adultos de meia-idade e idosos são os mais afetados.

Tratamento da insônia

A Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) é o tratamento de primeira linha, com alta eficácia para sintomas noturnos e diurnos. Seus componentes incluem:

  • Restrição do sono

  • Controle de estímulos

  • Higiene do sono

  • Técnicas de relaxamento

  • Reestruturação cognitiva

Em casos selecionados, medicamentos podem ser utilizados, como agonistas GABA-A, antagonistas de orexina, antidepressivos, melatonina e anticonvulsivantes, sempre com avaliação médica.

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O que é apneia obstrutiva do sono (AOS)?

A AOS é caracterizada por interrupções repetidas na respiração durante o sono, devido ao colapso parcial ou total das vias aéreas superiores. Isso leva a queda na oxigenação e fragmentação do sono, comprometendo sua qualidade.

Sintomas e fatores de risco

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Ronco alto e frequente

  • Pausas respiratórias testemunhadas

  • Sonolência diurna excessiva

  • Cefaleia matinal, refluxo e nictúria

A AOS é mais comum em homens, pessoas obesas e adultos mais velhos. Fatores anatômicos, como retrognatia, hipertrofia de amígdalas e pescoço largo, também contribuem.

Diagnóstico da AOS

O diagnóstico padrão é a polissonografia (PSG), exame que registra dados neurológicos e respiratórios durante o sono. O Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) classifica a gravidade da AOS:

  • Leve: 5–14 eventos/hora

  • Moderada: 15–29 eventos/hora

  • Grave: ≥30 eventos/hora

Testes domiciliares podem ser indicados em alguns casos.

Tratamento da apneia do sono

A abordagem terapêutica é multifatorial e inclui:

  • Mudança no estilo de vida: perda de peso, evitar álcool e sedativos

  • CPAP: aparelho de pressão positiva contínua, padrão ouro no tratamento

  • Aparelhos orais: reposicionam a mandíbula para melhorar a ventilação

  • Cirurgias: como avanço maxilomandibular e uvulopalatofaringoplastia

  • Estimulação do nervo hipoglosso: em casos refratários

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Como diferenciar insônia e apneia do sono?

Embora ambas causem sono não restaurador e fadiga, as causas são distintas:

  • A insônia envolve hiperatividade cognitiva ou emocional

  • A AOS é um distúrbio respiratório obstrutivo

Sinais como ronco, engasgos noturnos e pausas na respiração são mais típicos da apneia. O diagnóstico da insônia é clínico; o da AOS exige exame do sono.

Comparativo entre insônia e apneia do sono

Para facilitar o entendimento das principais diferenças entre esses dois distúrbios do sono, confira o quadro comparativo a seguir:

Aspecto Insônia Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)
Natureza do problema Dificuldade para iniciar, manter ou consolidar o sono Obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono
Causa principal Hiperatividade cognitiva e emocional, estresse, fatores comportamentais Colapso físico das vias aéreas superiores, geralmente associado à anatomia
Sintomas principais Dificuldade para dormir, despertares noturnos, fadiga, irritabilidade Ronco alto, pausas na respiração, sonolência diurna, engasgos noturnos
Diagnóstico Clínico, baseado em autorrelato e diário do sono Polissonografia ou teste domiciliar com monitoramento respiratório
Fatores de risco Estresse crônico, personalidade ansiosa, histórico familiar, sexo feminino Obesidade, idade avançada, sexo masculino, fatores anatômicos
Tratamento principal Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) CPAP (pressão positiva), aparelhos orais, cirurgias, mudanças de estilo de vida
Consequências não tratadas Risco aumentado de depressão, ansiedade, hipertensão, baixa imunidade Doenças cardiovasculares, AVC, infarto, acidentes automobilísticos

Consequências e cuidados essenciais

A insônia crônica aumenta o risco de hipertensão, depressão, ansiedade, inflamação sistêmica e queda da imunidade. Já a AOS está fortemente ligada a doenças cardiovasculares, como infarto, arritmias, acidente vascular cerebral (AVC), e maior risco de acidentes automobilísticos.

Ambas devem ser tratadas com seriedade. A educação do paciente, a manutenção da rotina de sono saudável e o acompanhamento especializado são fundamentais.

Abordagem multiprofissional

O cuidado deve envolver uma equipe interprofissional, que pode incluir:

  • Clínicos gerais e especialistas em sono

  • Neurologistas, psiquiatras e pneumologistas

  • Nutricionistas, dentistas e fisioterapeutas

A atuação integrada melhora a adesão ao tratamento, reduz complicações e promove qualidade de vida.

Conclusão

Dormir bem é um pilar da saúde. Reconhecer os sinais de insônia ou apneia obstrutiva do sono é o primeiro passo para recuperar o bem-estar físico e mental. 

Caso haja suspeita de qualquer distúrbio, procure avaliação médica. 

Com o diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível restaurar o sono e melhorar significativamente a qualidade de vida.

A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM)  orienta a população sobre a importância de reconhecer os sinais de distúrbios do sono e buscar avaliação médica o quanto antes.  A instituição é referência na gestão de hospitais e serviços públicos em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo cuidado integral e humanizado. 

Saiba mais em www.spdm.org.br.

Perguntas Frequentes

Qual a principal diferença entre insônia e apneia do sono?

A insônia é a dificuldade para iniciar ou manter o sono.
A apneia do sono é a interrupção da respiração durante o sono por obstrução das vias aéreas.

Quais são os sintomas da insônia?

  • Dificuldade para dormir ou manter o sono

  • Sono leve e não reparador

  • Cansaço, irritabilidade e dificuldade de concentração durante o dia

Quais são os sintomas da apneia do sono?

  • Ronco alto e frequente

  • Pausas na respiração durante o sono

  • Sonolência excessiva durante o dia

Como a insônia é diagnosticada?

Por avaliação clínica, relato do paciente e uso de ferramentas , como diário do sono e Índice de Gravidade da Insônia (ISI).

Como a apneia do sono é diagnosticada?

Principalmente por meio da polissonografia, exame que monitora o sono durante a noite.

Quem tem mais risco de desenvolver insônia?

Mulheres, pessoas com estresse elevado, histórico de ansiedade ou depressão, e adultos de meia-idade ou mais velhos.

Quem tem mais risco de ter apneia do sono?

Pessoas com obesidade, idade avançada, pescoço largo, ronco crônico ou condições anatômicas específicas.

Qual o melhor tratamento para insônia?

A Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) é a abordagem mais eficaz. Medicamentos podem ser usados com orientação médica.

Qual o melhor tratamento para a apneia do sono?

O uso de CPAP é o mais eficaz. Também há opções como aparelhos orais, mudanças de estilo de vida e cirurgias.

É possível ter insônia e apneia ao mesmo tempo?

Sim. Até 50% dos pacientes com apneia também relatam sintomas de insônia. Por isso, o diagnóstico correto é essencial.

Fontes e referências

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